três.

terça-feira, junho 10

"Se você abaixar bem entre as rodas..."

Era lá, naquela mesma vila parada e envolta por poeira colorida (pois não era preta nem branca).
O Guinaldo Naldinho, que do Naldão era filho e morava lá para as bandas da praça, resolveu mostrar aos moradores novos - todos burguesinhos - o quão pacato era aquele lugar.
Um ato banal, pois certo, era deitar-se nas ruas desprovidas de automóveis, bueiros e asfalto. Naldinho deitou, esticou bem as pernas e os braços secos e machucados para ocupar um grande espaço - maior possível. Não pôde ver, porém, o carro vermelho - rebaixado, monstruosamente rápido e, o principal, motor silencioso - correndo pela mesma rua.
Pois não é que vinha a máquina, galopando e fazendo da poeira fumaça vermelha de uma forma que faria muito pai ter inveja, pensaram todos mais Naldinho quando viram os almofadinhas gritando é o papai!, é o papai!, e a máquina indo na direção do moleque que estava com barriga d'água já fazia sete anos, mas ele tinha doze, e o carro já parecia sangue quando todos cochicharam que aquele ali já era, coitado do Naldão do açougue, quem mandou ter um filho assim, exibido, e Naldinho fechou os olhos e o automóvel passou bem.
"Não morri! Não morri! Urrul! Eu vivo!"
Eu poderia continuar por aqui, mas... Para quê, se esse aí já virou lenda?

2 comentários:

Prodígio disse...

Guinaldo Naldinho... belo nome hahaha. Por que não continuou a história? O Naldinho é lenda só por isso? Hahahaha, aposto que sua mente pensante não parou por aí =D.

Anônimo disse...

Já disse o quanto vírgulas depois de exclamações me atraem?