três.

segunda-feira, abril 21

Especialidades

Além da necessidade fisiológica, não havia razões para que ela pedisse companhia. Ninguém teria a oferecer, porém. Ninguém queria envolver-se.
Ela era tão ela mesma que não havia solução: ficaria só, teria de aprender a ser uma.
Porque todos os caminhos levavam-na a não ser ela e outra. Outra pessoa. Parecia que o obstáculo fora ser diferente, e agora não mais havia diferente - havia ser só.
Por que a razão não habitava aquela mente? Precisava-se de razão, apesar de não ter controle emocional.
Não era uma desequilibrada: ela apenas mantinha-se fria nos momentos decisivos. Naqueles em que se devia ser emotiva, não deixava transparecer pensamentos. E para isso, não sentia. Anulava sua sensibilidade em nome do equilíbrio,
Nos momentos exigentes de calculismo? Tinha o contrário, puro instinto! Era inútil para a sociedade. Seria sempre.
Qual era a sua missão ali?

Bestialidades quotidianas

Pôde olhar para os olhos de quem lhe falava.
Percebeu que ia muito além do espaço entre os verbos ''usar" e "amar", o roçar de dois lábios e corpos.
Afinal, estaria usando uma pessoa que não ama ao tocá-la como se a amasse? Talvez fosse o contrário: há como se aprender a amar. Mas há?
Não, não queria basear seus pensamentos em amor. Queria sentir-se amado sem amar, apenas isso. Seria errado?
Teria de existir o meio-termo. Então, bebericou um pouco do vinho. Qual seria? Essa pessoa queria um verbo - não "desejar", "ter curiosidade", nada disso.
Se existisse, o que seria?

domingo, abril 13

Hoje, pensei...

Quanto maior a máscara, pior tende a ser o interior.
O problema de conhecer é ter de entender. Não quero que tire sua máscara. Não seja outro que não o outro. Tenho medo de ter de entendê-lo... e não conseguir.