três.

terça-feira, maio 13

Querida, cuide para que as crianças não fantasiem

Agucei os olhos. Não via nada além de eu mesmo sentado sob a cobertura de um ponto de ônibus.
Tinha fome; meu outro ser comia. Pedi-me um pedaço. Parecia encarar meus olhos famintos, ponderar sobre as conseqüências de alimentar-me. Por si só, demasiadamente perigosas.
Caso o fizesse, seria apenas meu, o alimento. Fortalecido, tomaria o lugar de meu outro eu. Trivialidades. Mas doía-lhe o peito ao ver sua própria fantasia implorar um pedaço daquilo.
Deu.
Senti o peito inexistente esquentar-se: a respiração metafórica voltava. Minha outra parte, sutilmente enfraquecida, observava-me em total apreensão. Conhecíamos esse final.
Era eu, agora, a consciência dominante.

2 comentários:

Prodígio disse...

No final, sua visão se encaixa na minha, um lado é o que enxerga a realidade, ou outro é o que enxerga a fantasiaaa... XD

Guilherme Augusto disse...

Que inveja de quem tem blogue atualizado... ;~