Então me perguntei: O que faria enquanto Gui, meu sobrinho, amarrasse seus cadarços desajeitadamente?
Não foi uma pergunta de tédio, nada disso. Ocorreu-me, sim, quase como uma superstição, que eu deveria encontrar algo revolucionário e epifânico antes que o menino se levantasse com um dedo no nariz e declarasse vitória. Era isso.
Olhei o moleque. Olhei-o novamente. Os dedos enrolados me diziam que eu teria muito tempo, talvez suficiente para entrar naquele trem com portas a fechar dizendo Adeus, Gui, volto no dia em que tiver seus sapatos amarradinhos; ou me encostar ao balcão onde um homem comprava charutos e, enquanto ele me encarasse estupefato, tomar um de sua caixa, acendê-lo e tossir porque nunca fumei.
Ou mais: aquela menina encostada ao banco descascado tagarelava irritantemente. Poderia mandá-la se calar com um gesto obsceno. Não, não conseguiria, talvez um olhar pesado bastasse. E seria assim que me livraria do peso de encontrar a revolução antes de Gui amarrar seus sapatinhos cor de gema. Nada mais razoável para o momento, e preparei-me respirando fundo (o coração disparou diante da possibilidade) e calculei o momento certo com sabedoria.
Ah, ela não estava olhando.
Não foi uma pergunta de tédio, nada disso. Ocorreu-me, sim, quase como uma superstição, que eu deveria encontrar algo revolucionário e epifânico antes que o menino se levantasse com um dedo no nariz e declarasse vitória. Era isso.
Olhei o moleque. Olhei-o novamente. Os dedos enrolados me diziam que eu teria muito tempo, talvez suficiente para entrar naquele trem com portas a fechar dizendo Adeus, Gui, volto no dia em que tiver seus sapatos amarradinhos; ou me encostar ao balcão onde um homem comprava charutos e, enquanto ele me encarasse estupefato, tomar um de sua caixa, acendê-lo e tossir porque nunca fumei.
Ou mais: aquela menina encostada ao banco descascado tagarelava irritantemente. Poderia mandá-la se calar com um gesto obsceno. Não, não conseguiria, talvez um olhar pesado bastasse. E seria assim que me livraria do peso de encontrar a revolução antes de Gui amarrar seus sapatinhos cor de gema. Nada mais razoável para o momento, e preparei-me respirando fundo (o coração disparou diante da possibilidade) e calculei o momento certo com sabedoria.
Ah, ela não estava olhando.
5 comentários:
Aoo, mas que tia maravilhosa! Nem pra ajudar o moleque :P. Quase li sobrinho como primo, os primos costumam fazer isso, eu sou primo mais velho >D mas nunca agiria assim hasuashasuash =D. Mentira, sempre me dá vontade de ser mala como essa tia aí ehehehe
Então, eu sou uma tia legal. Entre campeonatos vencidos de futebol, desenho dinossauros, polvos e peixes para meus sobrinhos pintarem e recorto depois. Fiz coroas e coloquei em suas cabeças. Faço carinho neles (o Lucas sempre diz "tia, faz aqui! Não, é aqui! Quero que faz assim, ó, com a unha! Faz, tia!" e eu obedeço e, quando canto "... pra limpar meu cu... Elhinho, se eu fosse como tu, tirava a mão do bolso e colocava a mão no pi... Olhinho, se eu fosse como tu..." ele pode dizer "eu adoro a minha tia".
Ai, ai, nunca me senti tão bem.
Guinaldo?
HASUASHUASHAS vc canta isso? :P vc é um tia descolada e tanto! Que supimpa!
Não, não: pensei em Guilherme.
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